sexta-feira, 4 de julho de 2014

O que aconteceu comigo ?

Essa foi uma semana muito puxada pra mim.. inúmeros questionamentos e emoçoes vieram a tona sem motivo algum e eu me peguei pensando, o que aconteceu comigo ? O que foi que eu vi, quando criança que me fez ficar assim ? O que eu passei ? Como foi que eu fiquei assim ? Foi a combinaçao de pre-disposiçao gentetica com criaçao e fatores ambientais ? Mas quem da minha família tem doenças mentais ? Ninguém fala nada sendo que todo mundo tem problemas. Agora, e a criaçao ? Como eu posso saber se foi minha criaçao, se eu nao lembro de quase nada ? Aparentemente tive uma infancia normal, com dificuldades e facilidades mas sempre me senti assim. Nunca consegui me sentir conectada com ninguém, sempre soube que as pessoas iam embora, sempre me senti sozinha, nunca senti que eu tinha uma família, sempre olhei as coisas de uma maneira diferente do normal, sempre me doeram mais as coisas do que doem pras outras pessoas, sempre tive ideias estranhas, sempre tive um humor totalmente desregulado, sempre tive uma visao mais pessimista das coisas, nunca soube como encarar críticas, sempre fui pra cima e pra baixo e pro lado e pro outro em pouquissimo tempo, sempre sempre sempre.. Entao o que aconteceu pra eu ser assim ? Quem sao essas pessoas do meu lado ? Por que eu nasci assim ? O que é que eu nao consigo me lembrar ? E por que eu nao consigo me lembrar ? Tá tudo tao confuso..


terça-feira, 24 de junho de 2014

NAO, NAO ESTÁ TUDO BEM !

Voce já parou pra pensar como as pessoas tem dificuldade em dizer isso ? "Nao, nao está tudo bem". Ok, concordo que nao precisamos escrever nossos problemas num cartaz em tinta fluorescente e ficar abanando no meio da rua pra todo mundo ver, mas poxa, será que vale mesmo a pena toda essa censura e cobrança (desnecessaria e ridicula) de "ter que estar bem"?

Andei lendo um livro chamado Manual Anti-Autoajuda (minha cara) em que diz que junto dessa onda de livros de auto-ajuda a quantidade de venda de anti-depressivos aumentou em 20%.. Alguém reconhece o absurdo que é isso ? É uma cobrança tao grande (e irreal) em "ter que ser feliz" que quando a gente nao alcança, se decepciona ainda mais.. o que tem de errado comigo ? NADA.



Acho que essa grande necessidade de ter que estar bem é que nem quando se pinta aquelas madeiras velhas, voce pode passar a tinta que for mas ainda vai ser possivel ver que, debaixo da tinta, é apenas um pedaço antigo de madeira. E é aí que tá, nao tem problema nenhum em ter um pedaço de madeira velha, nao tem problema nenhum ter problemas, e melhor, nao tem problema nenhum em simplesmente estar triste, sem razoes específicas, sem motivos claros. Acho que a gente precisa parar com essa mania besta de justificar tudo. E acho que as pessoas deviam parar de supervalorizar a felicidade e dar a mesma importancia á tristeza e a todos os outros infinitos sentimentos dessa vida.

To irritada, vou parar de escrever antes que eu soque alguma outra coisa.

Tchau, tava com saudades.

#precisodeumcigarro

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Posts Escrotos

Tenho lido artigos abismais sobre TPB em sites de psicologia. Isso me preocupa muito. Nao tenho nenhum dado e vou falar de forma figurada mas 7 entre 10 artigos sobre o transtorno beiram o ofensivo (nao vou nem falar sobre os artigos de TPB em blogs ou sites de pessoas que nao sao formados em psicologia/psiquiatria, vou fazer um post com os piores artigos escritos por leigos sobre TPB).

Nao tem jeito, se voce nao tem o transtorno (seja ele qual for) voce nao sabe REALMENTE como é. Nao adianta. Voce pode ler sobre isso, tentar identificar algumas coisas em voce ou tentar assimilar e imaginar alguém, mas só quem tem realmente sabe. E aí que tá o problema. Nao faça das suas palavras que sao suas opinioes, regras. 

Uma amiga minha, também diagnosticada com TPB, teve uma crise recentemente pois leu em um site digamos "consagrado" de psicologia que os portadores do transtorno nao tem como ter uma relaçao interpessoal saudável. OI ?

Pois é. Muitos sites e muitos profissionais explicam o TPB de uma maneira muito distorcida, simplificada e caracturada. Ou somos os loucos que tentam se matar porque a unha queboru ou somos os insanos que tentam matar alguém porque fomos traidos. Cara, nao é assim, mesmo se for existe uma razao por trás de tudo. Vai com calma de verdade. Até porque geralmente aqueles que mais simplificam sao os que mais tem dificuldade em entender de verdade a situaçao.


Esse post foi um pouco sem proposito mesmo, mas vale a pena frisar: cuidado com o que se le sobre os transtornos (quaisquer que sejam) e saibam escolher bem o profissional que vai tratar voces. É preciso saber aonde a gente está pra descobrir pra onde a gente tem que ir e pra isso é necessario, pelo menos, um GPS atualizado ;)


sábado, 29 de março de 2014

Respondendo - Por que voce se corta ?

Taí uma pergunta que ninguém dever se sentir obrigado a responder. Mas é inevitável. Por que voce se corta ? Me perguntou uma pessoa por e-mail.

Importante antes de continuar lendo: Nao é pra chamar atençao.



Infelizmente ainda hoje, mesmo com todo o recurso de pesquisa que qualquer um pode ter ao alcance das maos, poucas pessoas sabem o que é a auto-mutilaçao e menos pessoas ainda entendem. 

Antes de mais nada é importante que fique claro que essa nao é uma atividade legal, nao é apoiável e se voce fizer isso porque a Demi Lovato faz, eu nao tenho o que te falar.

É preciso ter claro também que nao existe um "perfil" de quem se machuca (por mais que muita gente saia pintando isso por ai). Pode ser que aquela menina linda, que todos babam e tem uma vida ótima, esteja cheia de cicatrizes no pulso. Assim como aquele cara que acabou de ser promovido na empresa tenha as costas marcadas por chibatadas. 

Além disso, é importante saber que nao existe uma maneira apenas de se machucar. A pessoa que se automutila pode utilizar laminas para se cortar, fogo pra se queimar, bater a cabeça em quinas de mesa, se beliscar, se arranhar, usar chicotes, arrancar os cabelos e por aí vai.. (existem TAMBÉM as autoagressoes que incluem correr demais com o carro, abusar de alcool, drogas, remédios, cigarro e sim, por aí vai de novo).


Eu por exemplo, comecei ainda bem adolescente me arranhando até sangrar e batendo a cabeça na parede. Mas só isso nao bastava. Foi aí que descobri como ter laminas e comecei a me cortar. Acidentalmente tive uma crise emocional e a primeira coisa que vi foi uma caixa de fosforos. Passei a usa-los também ascendendo e apagando vários deles na minha pele. Há tres anos nao consigo ficar mais de uma semana sem me machucar e, nos ultimos meses nao consigo ficar dois dias sem pressionar a gilete no meu pulso. Agora, por que ?




No meu caso, em específico, varia muito. Na maioria das vezes faço isso porque a dor que sinto dentro de mim é tao forte, mas tao forte, que a dor física faz com que ela pareça menor e mais aliviada. De vez em quando faço porque o vazio é tao grande que me anestesia, me deixa inerte e eu preciso sentir alguma coisa, eu simplesmente preciso sentir alguma coisa. Parece que a minha pele pede, como se ela pulsasse. E algumas outras vezes, voce faz porque simplesmente tem que ser feito, como se voce merecesse sentir dor, merecesse sofrer.

Um dos grandes problemas da automutilaçao (nao irei falar dos outros até porque sao muito obvios e a discussao seria interminavel) é que depois de um tempo voce acaba se viciando. Como se fosse uma droga. E meio que é mesmo. Entao muitas vezes voce acaba fazendo porque precisa, do mesmo jeito que voce precisa de um cigarro depois de uma xicara de café preto ou uma cerveja (no caso eu preciso desse cigarro também). Começa a ser necessario pra voce ver o sangue escorrendo. É como se voce precisasse ter marcas no seu pulso pra continuar vivendo.

Pra cada pessoa é de um jeito, alguns motivos sao mais comuns entre quem se machuca do que outros, mas nenhum deixa de ser verdade (tem um ótimo post no blog fantastico da borderline-girl.blogspot.com ). Existem muitas pessoas que experimentam, tentam saber como é, ou como eu disse alí no começo, tentam imitar alguém que faz.. okk, essas pessoas vao fazer uma ou outra vez mas nao vao entender, ou até vao, mas vao parar. Porque vai doer e nao vai fazer REAL sentido, diferente de quem realmente tem um transtorno. Por isso é importante sim saber o motivo por trás daquelas marcas. 
Até porque, toda cicatriz guarda uma historia.


Ansiedade - Os estímulos que nao percebemos

Acordei. Tranquila. Feliz normal, na quantidade certa. Tomei café, entrei no carro, liguei o radio. Veio uma musica, veio outra, veio mais uma produzidas na "mesma fábrica" (até porque hoje em dia só existem 10 musicas que tocam em todas as radios durante 24 horas do dia). Na quarta música eu já nao me aguentava. Tava agitada, feliz anormal, na quantidade errada. Já tava maquinando tudo que eu ia fazer, pensando no que eu amaria que acontecesse, totalmente teletransportada prum mundo irreal, movida pela ansiedade. 

A gente muitas vezes nao percebe, mas existem muitos estímulos de ansiedade que encontramos ao longo do dia, TODOS os dias. Tá, e que que isso tem a ver com o TPB ?

TUDO. TUDO, TUDO, TUDO, TUDO, TUDO, TUDO, TUDO, TUDO.

TUDO.

O TPB, assim como vários transtornos, é movido pela ansiedade. É como se ela fosse a espinha dorsal que desencadeasse todos os outros problemas como depressao, sindrome do panico e por aí vai. E é esse desequilibrio quimico que te coloca no limite. Eeeee a gente, border, sabe muito bem o perigo de viver nesse limite. 

As músicas da radio ( que te remetem a coisas boas, ruins ou momentos que gostariamos que acontecessem ), os lugares lotados de gente, as pessoas falando alto, a DROGA do whatsapp apitando, o instagram cheio de fotos de pessoas "se divertindo" loucamente nas baladas, programas de tv e inúmeros outros momentos podem ser desencadeadores fortes de uma severa crise de ansiedade. Crise essa que nunca para por ali. Ela pode gravemente desembocar numa crise emocional, em uma crise de cutting, de agressividade, de impulsividade e muitas outras que variam de acordo com voce. 

É só pensar no carrinho de uma montanha russa. Subiu ? subiu.. mas vai descer também.. E é esse zigue e zague, pra cima e pra baixo que mora o perigo: a existencia de um "pra cima e pra baixo" emocional e um estressor que aumenta a distancia entre um e o outro.

AH, ENTAO EU TENHO QUE FICAR EM CASA, SEM CELULAR E PARAR DE VIVER ?

Nao deveria ter que responder isso. É CLARO que nao. O que TEM que ser feito é identificar o que estimula a sua ansiedade e estar ciente disso quando acontecer, pra que, na hora que a poeira baixar ou estiver lá no alto, a sua impulsividade nao tome o "controle" e voce acabe se machucando, literalmente ou nao.




quinta-feira, 27 de março de 2014

#diascoloridos - Canal Youtube

Oii pessoalll,

Hoje nao tive tempo de sentar e escrever por aqui, portanto minha passada vai ser super rapida. Maaass como hoje tive dobradinha de terapia estou super bem, to nos meus considerados #diascoloridos . Entaaao, quero indicar pra voces um canal do youtube que eu ameeeii ! 

Chama "Me And My Black Table" (Eu e minha mesa negra). O canal surgiu através do blog de um garoto Holandes que tem Transtorno de Personalidade Borderline. Tanto o blog quanto o canal estao em ingles mas garanto que vale muito a pena ! Além disso ele namora uma garota que também tem TPB. A clareza das explicaçoes e as dicas sao fantasticas.. Quem puder fica de olho !

Amanha eu to de volta com alguns posts novos,

Beiiiiiiiijooooss de arco iris. 



terça-feira, 25 de março de 2014

Sintomas do TPB - Será que voce é Border ?

Desde um simples resfriado até complexas patologias é necessario o diagnóstico correto para que se tenha o tratamento correto e pra isso é mais do que necessario identificar os sintomas. Entao vamos lá..

O Transtorno de Personalidade Borderline é de extrema complexidade. Antes de entrarmos nos detalhes dos sintomas de acordo com o DSM, é muuiito importante saber algumas coisinhas sobre o TPB:

1- Assim como qualquer outra coisa na face da terra o TPB é extremamente relativo, os sintomas, gravidade e reaçoes variam muito de pessoa pra pessoa, por isso é preciso ter muito cuidado e cautela na hora de um diagnóstico.

2- O próprio nome do transtorno já diz - Borderline: No limite, na linha divisória. Essa tal linha fica entre a neurose (por ex: depressao) e a psicose (por ex: esquizofrenia). Por isso é muito facilmente confundido com outros transtornos.  Ou seja, é como se voce estivesse a merce de tudo! Pense que sao como 'fases'. No momento o border está com depressao, depois pode passar a ter um transtorno alimentar e ao mesmo tempo uma sindrome do panico, depois volta a depressao e assim vai. Vale lembrar que existem as comorbidades, que sao realmente os outros transtornos que ocorrem juntamente com o TPB ( no meu caso por exemplo, sou border e tenho ciclotimia que é um tipo de bipolaridade, luto contra depresso, tenho transtorno dissociativo, já tive sindrome do panico e transtornos alimentares ).

3- Nao é um transtorno muito explorado por nenhuma industria (principalmente a farmaceutica) já que é um transtorno que nao possui uma medicaçao especifica. Por exemplo, para a bipolaridade trabalha-se com litio e outros estabilizantes de humor. Já no Border é utilizado estabilizador de humor acompanhado de outros medicamentos especificos para a 'fase' que o border está passando, seja uma depressao, sindrome do panico, transtorno alimentar, abuso de substancia e por aí vai.

4- Terapia, psicoterapia, psicanalise, terapia comportamental chegam a ser mais importantes e ter muito mais efeitos do que medicaçoes, vale lembrar que medicaçoes sao extremamente necessarias. Mas a longo prazo para amenizar o transtorno, a terapia ( com um bom profissional ) é essencial.

Vamos aos 9 critérios. Antes de ler é muito importante ser realista. Nao queiram 'ter' os sintomas e menos ainda 'ter' o transtorno. É necessario pelo menos 5 criterios, que realmente 'atrapalhem' a sua vida e sejam verdadeiros, ou seja, voce realmente nao consegue controlar, nao é algo que voce força, ou provoca ou tenta ter. É algo que voce nasce com e que voce nao consegue evitar.

É importante dizer isso pois infelizmente hoje em dia ter um transtorno é sinonimo de genialidade, de criatividade e há, por mais absurdo que isso pareça, muitas pessoas querendo 'ter' para se dizerem iguais a algum artista ou para se sentirem diferentes.


Transtorno da Personalidade Borderline
Critérios Diagnósticos do DSM IV
1) Esforços frenéticos de evitar um abandono real ou imaginário, sem a inclusão de um comportamento suicida ou auto mutilante.
2) Padrão de relacionamentos instáveis e intensos, oscilando entre extremos de idealização e desprezo.
3) Distúrbio da identidade: instabilidade acentuada e resistente da auto-imagem ou do sentimento de self.
4) Impulsividade em pelo menos duas áreas prejudiciais a si mesmo, como na sexualidade, em gastos financeiros, na direção, no abuso de substancias etc. Prejudicam a si próprios quando um objetivo está quase sendo alcançado.
5) Ameças, comportamentos ou gestos suicidas ou auto mutilante.
6) Instabilidade afetiva devido a reatividade do humor.
7) Sentimento crônico de vazio.
8) Raiva intensa e inadequada ou dificuldade em controlá-la.
9) Situações de estresse devido a um abandono real ou imaginado: ideação paranoide, sintomas dissociativos e psicóticos transitório.
O transtorno de personalidade borderline caracteriza-se por um fraco estabelecimento da auto-imagem, que depende intensamente dos relacionamentos combinada com uma expectativa de maus tratos ou exploração. Isso ocasiona a preocupação com relacionamentos íntimos por parte do indivíduo com o transtorno, sendo muito sensível as mudanças nestes. Observa-se comportamentos suicidas e auto mutilantes, principalmente após a rejeição de uma pessoa íntima, sendo que o suicídio ocorre em 10% destes pacientes.
Avaliam-se de maneira extremamente negativa, podendo então admitir variados sintomas negativos, vendo o mundo de maneira extrema. Por serem negativos demais, seu quadro clinico pode parecer ser mais patológico do que um observador o percebe.
Alguns transtornos de personalidade são diagnosticados com maior frequência em homens e outros em mulheres. O borderline aparenta ser muito mais frequente em mulheres (75%), ao contrário do transtorno anti-social, que parece predominar entre os homens. Pesquisadores colocam como uma suposição que os dois transtornos poderiam ser a mesma doença, com uma diferente manifestação em ambos os sexos. Ainda há evidências que sugerem que o transtorno da personalidade borderline não esteja sendo identificado em homens. Atinge 2 a 4% na população em geral.
Há diversos relatos de negligências e abuso sexual ou físico na infância, em especial em pacientes com transtorno da personalidade borderline. É um transtorno bastante comum, respondendo por um terço dos transtornos da personalidade. Suas causas são incertas, apesar de que pesquisadores e estudos realizados com adoções e outros estudos de família sugerem um importante componente genético para o transtorno da personalidade anti-social e borderline. As pesquisas psicanalíticas concentram-se em perturbações na fase da separação mãe e criança.
O tratamento demanda, às vezes, hospitalizações breves, envolvendo normalmente a estabilização aguda de uma idéia suicida por crises. Alguns dos pacientes demonstram insatisfação com o lugar (hospital) e desejam partir mesmo sem consentimento médico. Outros apegam-se ao hospital e relutam em ir embora. Podem queixar-se e reclamar diversas vezes do hospital e, ao mesmo tempo, fazem de tudo a seu alcance para sua permanência.
Não existe um remédio ou tratamento que envolva fármacos para o transtorno da personalidade borderline, sendo que a medicação de manutenção geral mostra uma eficácia limitada. A terapia de grupo pode contribuir para questões interpessoais, na qual vínculos são formados com vários membros do grupo do que somente um indivíduo, que não será considerado confiável em algum momento pelas dificuldades em estabelecer um relacionamento.
A psicoterapia é complexa pela gravidade e natureza da doença e também pelos intensos sentimentos que provoca no terapeuta. Será necessário uma hierarquia de prioridades no tratamento, começando pelas mais graves, as que colocam a vida dos pacientes em risco ou de outras pessoas. Eles precisam ter noção do padrão de autodestruição que caracterizou suas vidas e a origem disso.
Quando as pessoas a sua volta começam a rejeitá-los ou cansam-se de suas exigências, eles tendem a tornar-se mais dramáticos e perigosos. É no incio da idade adulta que o comprometimento e o risco de suicídio atingem o auge. Quando começam a envelhecer, as atitudes impulsivas parecem diminuir, entretanto os outros problemas interpessoais persistem com o avanço da idade.

Se identificou ? Identificou alguém que voce conhece ? Busque um psiquiatra de qualidade e encontra um psicologo/psicanalista de boa formaçao. É um transtorno muito complexo, nao é de brincadeira, quanto antes diagnosticado melhor para o indivídue e sua familia.

Surgiu dúvidas ? Ou quer enviar sua historia ? É só me mandar no borderlinetpb@gmail.com




segunda-feira, 24 de março de 2014

Sem Espaço nos Pulsos

título da postagem já diz tudo.. To sem espaço nos pulsos.. Nao tenho conseguido passar dois dias sem me cortar, sem ver aquelas cicatrizes. E o pior de tudo é que as coisas estao maravilhosas sabe ? Acontecimentos fantasticos estao passando na minha vida e eu simplesmente nao consigo ficar bem. 

Chamo de dias cegos.. Tem dias em que minha força é mais fraca do que a dos monstros dentro de mim e eu perco. Me rendo e fico cega. Nao enxergo as pessoas á minha volta, nao enxergo as coisas maravilhosas acontecendo. Só consigo me sentir mal, isolada, sozinha. Choro de raiva, depois de tristeza, depois de vazio, depois por nao entender nada.. choro, choro, choro. De verdade se um dia acabar a agua do mundo, estou totalmente aberta a doar minhas lagrimas, nao sei de onde arranco tanta agua assim de dentro de mim.



Por isso disse na postagem anterior que to de ressaca emocional. Ontem foi um dia cego ! Chorei o dia inteiro e fui ficando pior a cada hora que passava. Me cortei muito, to sem espaço. Quis dormir na esperança de que o sono arrancasse a dor. Acordei esvaziada, fiquei mal de novo. Mas hoje nao me rendo, hoje eles nao vencem ! CADE MEU LEXAPRO ?

Vou fumar um cigarro e já volto.

Musica Border..

Pois é, to de ressaca emocional. Jajá eu volto pra explicar o que aconteceu.. Por enquanto deixo aqui uma musica border. Talvez antiga, mas maravilhosa.

Me ajude, fiz isso de novo
Eu estive aqui muitas vezes antes
Machuquei a mim mesma de novo hoje
E, a pior parte é que não há ninguém para culpar

Seja meu amigo
Me segure, me envolva
Me descubra
Eu sou pequena
Estou carente
Me aqueça
E me respire

E por aí vamossss.. 






A Procura de Conexao

Pois é.. Uma das poucas coisas que me lembro do meu passado é que, sem motivo, eu sempre tive uma grande dificuldade de me sentir conectada com as pessoas.. É engraçado isso pois tenho uma facilidade imeeeeensa de fazer amizades, de saber os detalhes mais intimos das pessoas contados por elas proprias, me envolvo fácil, sei de tudo sobre o outro em pouquissimo tempo, mas nao importa quem seja, o que faça ou quantos dias/meses leve.. eu simplesmente nao consigo sentir uma conexao verdadeira com o outro.




Sinto que minhas dissociacoes atrápalham muito nisso também, até porque é como se eu nunca estivesse ali de verdade, o que deixa ainda mais dificil de estabelecer uma ligaçao. Sempre me questionei o porque disso.. O porque dessa sensaçao horrivel de saber que conheço inumeras pessoas, as leio rapidamente e elas se abrem facilmente mas ainda assim me sinto sozinha, isolada, como se eu estivesse em uma sintonia diferente da delas.

Foi quando descobri através da minha psiquiatra que esse é um 'estado', uma sensaçao comum do border.. por mais que tenhamos intensos sentimentos pelo outro, esse vazio de conexao, esse vacuo dentro da gente (lembrando que nao estou falando da sensaçao de vazio, essa é uma outra, diferente, e tao ridiculamente dolorida quanto) vai estar presente. Talvez por isso busquemos todos o tempo todo, talvez por isso nos isolamos. Talvez por isso utilizamos do sexo, ou da falta dele. Tudo é pouco, tudo falta, tudo nao é o suficiente.. É preciso mais. Mais coisa, mais gente, mais sentimento, mais emoçao, mais dor, mais amor, mais palavra, mais silencio, mais tudo.. mais absolutamente tudo. Ou mais nada também.

De volta..

Pois é pessoal, me estressei com a bendita internet e no meio da correria do dia a dia deixei meu blog de lado.. Hoje estou de volta,
Me desculpem qualquer coisa.

sábado, 8 de março de 2014

Dias cinzas

Pois é, aqui se vai mais um dia cinza. Dia cinza é um daqueles dias em que voce simplesmente nao quer levantar, nao quer fazer nada, nao quer ver ninguém, falar com ninguem, nao quer abrir a boca, nao quer ter que sentir nada, nao quer abrir o olho. A cabeça pesa, o coraçao dói e parece gelado, como se a gente fingesse que ele nao tá batendo pra nao ter que encarar nenhum tipo de emoçao. 


Parece que as coisas boas sao neutras e as ruins sao mais uma comprovaçao do lixo que voce é e como voce tá certa de nao querer passar por esse dia. Tudo se somatiza e entra em uma zona de inércia, aonde parece que nada te afeta a nao ser uma força inexorável que te puxa, te puxa pra baixo. 

Engraçao porque, em partes parece que a gente gosta disso. O cinza simplesmente vem, aparentemente sem motivo, sem razao. Te consome e te deixa assim, com preguiça de viver. Me afasto das pessoas já que nao importa se eu estiver cercada delas, vou me sentir numa bolha emocional. Arrisco dizer que prefiro estar triste, devastada, me machucando e quebrando tudo do que estar assim.. VAZIA

Até porque, quando a gente sente algo, existe um estímulo, uma razao, um motivo pra estar mega feliz, pra estar triste ou o que for. Mas, nao sentir nada.. é como deixar sua vida correr na sua frente, te dar um chute na bunda e ir embora. O tempo passa e voce fica ali, sentada.. Nao porque quer, mas porque nao existe nada que voce possa fazer. Voce está morta por dentro.

Odeio o cinza. Ou é preto, ou é branco

terça-feira, 4 de março de 2014

Importancia da Conversa

Tenho assistido muitos depoimentos de borders ultimamente e lido alguns relatos do dia-a-dia de alguns deles e chega a ser impressionante a diferença entre os que tem a possibilidade de contar com alguem e dos que nao tem ninguem quem os escute. 

Assim que recebi meu diagnóstico a primeira coisa que a minha psiquiatra falou e frisou foi que pra este transtorno é imprescindível ter alguém com quem possamos conversar. Segundo ela, a conversa, ou melhor a confidencia, é tao importante quando a psicoterapia e chega a ser ainda mais importante que qualquer remédio (conforme me pediram, em breve vou fazer um post sobre medicamentos e todo tratamento psiquiatrico). Imagina, é como se voce tivesse ingerido veneno, um monte de veneno, cada dia uma certa dose e, pra continuar vivendo, voce precisa fazer o que ? Tirar essa droga de veneno de dentro de voce. Agora, falar que tem que falar é fácil, dificil é falar mesmo ! Oi ?



Pois é, na hora do vamos ver, nao hora que a gente tá mal, se jogando, achando que o mundo vai acabar é praticamente impossivel falar sobre isso pra alguem. Salve os casos em que o border tem uma relaçao bacana com a terapeuta (essencial). Mas encontrar alguém, fora do consultório, que voce possa contar e se abrir é muito, muito dificil ! Primeiro porque achar alguém que nos escute de verdade, que nao julgue as nossas ideias e sentimentos mais loucos e priiiiincipalmente, nao tenho como deixar isso mais claro: QUE NAO FIQUE ARRUMANDO SOLUÇAO PRA TUDO, é irritantemente raro.

Nao bastasse isso, como eu já disse em outros posts, é tanto sentimento, tanta coisa dentro da gente, que muitas vezes recriminamos ou nao aceitamos pensar o que pensamos, que a gente simplesmente nao consegue por pra fora. Pra mim tirando a sensaçao de que meus pensamentos nao param, vira um turbilhao de ideias inexprimiveis, e o fato de que EU SEI (idiotice) que ninguém vai entenderparece que a minha voz some, trava, como se tivesse alguma coisa me puxando e impedindo minhas cordas vocais de trabalharem ahaha bizarro. E esse é um perigo gigantesco. Ontem mesmo, tentei falar, tentei por pra fora com meus pais e nao consegui, infelizmente me pareceu muito mais fácil me cortar ou me queimar do que falar sobre o que tanto dói dentro de mim. NAO PODE. A gente tem que lutar, tem que forçar, tem que querer melhorar e passar por cima.. nada vem do dia pra noite e nada vai embora de vez, mas qualquer alívio que seja faz muita diferença.

Portanto, borders, lembrem-se que é muito importante a gente ter alguem com quem possamos contar quando a gente estiver precisando, alguem pra quem possamos dizer o quanto queremos nos jogar sem que a outra pessoa ria da nossa cara ou queira se jogar junto também. Talvez um amigo de infancia que tá sempre com voce, um outro adulto que te parece confiável e sensato, seu pai, sua mae, alguem.. Pode ter certeza de que EXISTE ALGUÉM QUE VAI TE ESCUTAR. E portanto, pais, amigos e pessoas que lidam com borders, lembrem-se que nós precisamos desabafar, por mais que pareça que nao queremos, nós precisamos de vcs no nosso pé escutando o nosso coraçao e nao julgando nossa loucura.









sábado, 1 de março de 2014

Ressaca Emocional

Ressaca emocional. Nao há definiçao melhor do que essa pra explicar o dia seguinte de um surto. Sim, eu surtei ontem. Nao aguentei.
Antes de explicar o que aconteceu, escutei um termo ontem que encaixa perfeitamente nessa situaçao: o Border é cismado. Somos mesmo. Absurdamente muito. E foi por conta dessa cisma idiota que hoje eu acordei assim.
Coloquei na cabeça que a pessoa com quem estou me envolvendo tava "estranho".. Aí foi né, com toda certeza do mundo tava estranho porque nao quer mais nada comigo, porque achou outra pessoa anos luz melhor do que eu, porque eu sou muito pouco, nao presto, nao atraio, nao consigo conquistar direito, porque sou pouco.. sou muito, muito pouco. Cismei.. Cismei que a pessoa tava me fazendo de idiota, que tinha as horas contadas pra ir embora. E essa cisma é como uma bola de neve.. Cresce, cresce, cresce até sair atropelando e destruindo tudo que ve pela frente. Nao bastasse isso eu odeio sexta feira e feriados (logo faço um post do motivo disso) entao eu já nao tava bem. 
A combinaçao foi o suficiente pra explodir dentro de mim uma das piores sensaçoes que se pode sentir: "nao aguento mais".. pedir pra morrer é foda.
Como eu nao parava de chorar por algumas horas seguidas e aquela dor estúpida ficava esmagando e engolindo meu peito decidi que ia ser a noite dos fósforos. Afinal,  arranhoes até sangrar nao doem o bastante, bater a cabeça na parede me deixa tonta, as minhas laminas tinham acabado entao apelei pra caixa de fósforos. Acendia e apagava alguns deles no pulso.. Descobri isso há algum tempo, a dor da queimadura dura beeem mais o que deixa mais difícil a dor do coraçao voltar. 

Amanheci assim, quieta, de olhar parado, extremamente irritada querendo socar o mundo e com algumas bolhas excrotas no pulso. 
Vou embora antes de quebrar esse computador na parede.

Tchau.




sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Por favor, fica !

Eu jà posso sentir.. Jà posso sentir voce indo embora.. Jà posso sentir voce passando por aquela porta sem voltar mais.. Jà posso sentir voce me deixando. Me jogando de lado, pra baixo. Esquecendo de mim e apagando tudo o que passamos juntas. Posso sentir voce me ignorando no futuro, mais do que voce faz agora. Posso sentir aquela dor fria, que nao para, que me consome, que me engole. Dor que me isola, que me deixa exaustivamente vazia de tao explosiva que é. Aquelas duas palavrinhas sobem pela minha garganta.. Acho que te amo. Queria poder te dizer isso.. Isso e mais um mundo de coisas que tenho guardadas no peito. Peito esse que se retorce, encolhe, se rasga quando ve que voce nao escuta. Posso sentir que nao significou nada pra voce, o que hoje pra mim è tudo ! Talvez esse seja o problema.. O meu tudo envolve o inteiro, o completo, o que vai dos pes à alem da cabeça.. O seu tudo acho que envolve um pedaço de voce, apenas um pequeno pedaço.. Sei que te querer absoluta è impossivel.. Mas eu quero.. E como quero.

                        

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Obsessao Doentia

Obsessao que mata. Taí, nada melhor pra definir. Nada melhor pra explicar essa minha obsessao doentia por tudo que envolve risco, por tudo que pode me tirar desse universo monótono e irritantemente entediante. Chega a ultrapassar o doentio. Esse magnetismo, essa busca infindável pelo que limita, pelo que acaba. Hoje me controlo. Hoje sei ficar longe. Hoje preciso ficar longe. Distante de pontes, distante de sacadas, distante de remedios, distante do que coloca um fim. Do que pára essa dor e esse vazio até entao incessantes. Mas tem algo que me chama, algo me puxa.. algo que me fala: pula, se joga, toma, FAZ. Entao eu vou.. coloco um pé.. coloco o outro.. sinto o vento tocando meu rosto.. sinto cheiro de desconhecido.. estou prestes a dar um passo.. um passo, apenas um passo é preciso. Mas me atinge: nao. Hoje nao.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Lidando com a Dissociaçao

Aqui vou eu.. Sei que tudo ainda é muito recente e garanto que ainda estou descobrindo tudo dentro de mim. É como se cada dia, após eu ter recebido meu diagnóstico, eu desse de cara e ficasse frente a frente com novos pedaços de mim que se encaixam como luva nas maos do T.P. Borderline. 
Antes de falar sobre minhas novas descobertas, quero começar falando sobre minhas antigas. E aqui vai uma das mais velhas, tá entre as ancias:

Um dos principais critérios no diagnóstico do TPB ( pra descobrir quais os outros 8 critérios é só procurar pela tabela do DSM-IV ) é a Dissociaçao. - Vale lembrar que cada caso é um caso, nao sao obrigatórios os 9 critérios e assim como qualquer outro transtorno ou sindrome existem espectros ( mais leves, moderados, severos ) e cada pessoa apresenta os sintomas de acordo com sua propria vivencia, nao vamos achar que todos os borders ( ou qualquer outra patologia ) sao iguais.

Eu fui diagnosticada com o Transtorno Dissociativo antes de saber que eu tinha TPB. Na verdade foi meio bizarro quando eu descobri. Como havia escrito aqui no blog antes, durante minha depressao severa e a sindrome do panico eu pesquisava incessantemente sobre transtornos e suas comorbidades até que me deparei com o Transtorno Dissociativo. Levei um susto claro, primeiro porque eu achava que todo mundo sentia isso já que eu sentia isso desde pequena e segundo porque mal sabia eu que era um transtorno !! Algumas semanas depois dessa minha heróica descoberta eu fui diagnosticada com o transtorno.



Mas o que é essa tal de dissociaçao afinal ?

Vamos lá. Como voces já devem ter lido no link acima, existem varios transtornos dentro do dissociativo e muitas pessoas, por volta lá de uns 60% a 70% já experienciaram um deles uma vez.




Mas entao, por que todo esse drama minha gente ?

Porque uma coisa é experienciar uma ou outra vez. Outra coisa é ter isso todo dia e dependendo dos periodos, o dia todo ! (Lembrando que aqui eu falo sobre Despersonalizaçao e Amnesia Dissociativa) É uma sensaçao horrivel.. Muito dificil de explicar, e praticamente insuportavel de sentir ! Chego nao querer mais continuar.. Voce literalmente se ve fora do seu corpo, como se fosse uma outra pessoa agindo e falando no seu corpo mas voce está fora dele.. as pessoas ao seu redor, sejam elas seus pais, namorados, namoradas, filhos, sao totais desconhecidos, é como se voce nunca tivesse visto eles, como se eles estivessem num filme. E nem tente chegar perto de espelho, porque quando voce se olhar, acredite em mim, voce nao vai ter a MINIMA ideia de quem é a pessoa que tá do outro lado. Tudo, absolutamente tudo, é um sonho ! E é aí que ta o perigo, ale'm de ser uma sensaçao tenebrosa, há um indice muito alto de auto-mutilaçao durante as dissociaçoes já que a dor física te traz de volta pro plano presente. Além disso, se tudo o que voce tá vivendo é um sonho, um filme e a qualquer minuto alguem vai te chamar de volta, por que nao experimentar a sensaçao de pular da sacada ? de se jogar na frente de um onibus ? Afinal de contas é tao mas tao ruim essa sensaçao que dá vontade de acabar com tudo !! E é tudo irreal mesmo... Pois, nao é !


Citando Garota Interrompida (CLICHE EU SEI, ME DESCULPEM): As vezes é muito difícil ficar num lugar só.

Como lidar ?

Tem que tomar muito cuidado, muito cuidado mesmo com isso ! Eu vejo por mim que hoje passo o dia inteiro "fora".. assim como pra qualquer outro problema que a gente tenha, tem que ficar longe de tudo que tira a gente do eixo ! Dar um chega pra lá nos estressores que desencadeiam as dissociaçoes cada vez mais fortes, dizer adeus as grandes agitaçoes (nao precisa ser adeus, pode ser apenas um tchau), ficar esperto quando sair em lugares muito cheios (muita gente, traz muito informaçao ao mesmo tempo pra assimilar) e procurar sempre perceber quando que a sua dissociaçao alivia pra entender o que te relaxa ! O que me ajuda demais é, quando eu to com outras pessoas, se possivel tocar nelas.. abraçar, dar a mao, olhar no olho.. te faz sentir real, fisico (eita problema essa coisa de que tem que fisicalizar). Claro que nao é sempre que funciona, mas pode ser que ajude muito !! Cada um descobre seu jeito, o importante é nao afundar junto com essa sensaçao terrivel.

Logo menos estarei de volta e tenho certeza de que, até lá, vou ter muitas coisas novas encontradas aqui dentro.



domingo, 23 de fevereiro de 2014

Diagnóstico

Desde pequena eu tinha uma facilidade enorme de cair na melancolia. Nao importava o que acontecesse durante o dia, quer fosse ganhar a barbie que eu tanto pedia ou ter que assistir pela janela, meus pais indo pra longe de mim eu sempre, sempre me encontrava naquela atmosfera pesada, anestésica, dolorida, densa, escura, triste. Muito triste. O tempo passou e fui me tornando cada vez mais sensível á rejeiçao. Quer fosse ver minha melhor amiga da segunda série fugindo de mim ou quer fosse nao escutando elogios do professor (sim, "bobo" assim).
Aos 14 anos desenvolvi transtorno alimentar. Cheguei a pesar 40 quilos com 1,72m e ouvir minha mae gritando o quanto ela me odiava (nao sei ao certo se era a mim ou a "Ana").
Aos 15 anos já apresentava depressao leve e foi aí que conheci a "Mia". Ela me acompanhou até os 17 anos, quando eu, num súbito de impulsividade tomei 36 pílulas pra dizer adeus ao detestável pao que eu havia comido no dia. Hoje vejo que esse nao foi o real motivo. Fui dormir sabendo que poderia ser que eu nao acordasse, e sim eu estava okk com isso. E sim, eu já estava pedindo socorro com isso.
Nesse meio tempo engatei num relacionamento que levou cinco anos, de rompimentos e reatamentos intercalados com outros relacionamentos mega problematicos. Aqueles que a gente conhece muito bem. Te amo, te amo, te amo, te odeio, te odeio, te odeio. O romance com os homens e mulheres de sua vida podem durar bem menos do que voce imagina. E foi por conta de um desses que eu descobri a melhor maneira de parar (um pouco) a dor: me cortando. Nao importava o fato de eu ter tido muito mais relacionamentos do que o normal pra minha idade, eu nao suportava sentir aquele vazio que sempre me mostrava o como, no fundo, eu nao me sentia ligada de fato, conectada com nenhuma das pessoas com quem me envolvi. Aos 18 anos fui estudar fora do Brasil acompanhada da minha leve depressao. Quando voltei, alguns meses depois, o que era leve se tornou pesado, intenso, as mudanças de humor que antes eu nem enxergava (ou achava "comuns") passaram a me artomentar diariamente. Nao quis saber de terapia, nao importava o quanto eu nao quisesse mais viver e deixei a depressao estupida culminar em uma Sindrome do Panico aonde eu tinha 7 ataques de panico por dia, fora os de ansiedade. Eu realmente nao queria mais viver.

Comecei a terapia.

Virei, do dia pra noite, uma especialista em todos os transtornos possiveis e imaginarios. Eu era foda, sabia de tudo. Tudo tudo tudo. Ate me deparar com um tal de Transtorno de Personalidade Borderline. Li. Reli. Reli, reli, reli, decorei. Me assustei. Como podia eu me encaixar tao "perfeitamente" naquilo ? Como podia fazer sentido tudo o que se passava na minha caixinha(ooonaaa) de emoçoes ?
Minha analista me encaminhou pra uma psiquiatra por conta da depressao e da sindrome do panico, o que fez com que eu me sentisse um verdadei lixo já que, segundo a tal psiquiatra, era tudo "coisa da adolescencia". De um bem ela me serviu, percebeu que eu sofria também de Transtorno Dissociativo severo, desde criança. Engraçado como a gente nao percebe o quao louco é, até abrir a boca. Eu disse adeus á Sindrome do Panico e nao sei como, ela foi embora (a única vez que me senti okk por ser abandonada). Insatisfeita e a pedidos da minha psicóloga, fui em outra psiquiatra, deusa, linda, sensacional a qual abriu o jogo comigo: voce tem Transtorno de Personalidade Borderline. Minha reaçao ? Alívio. Tinha/tem um nome pra tudo isso que se passa dentro do meu corpo inteiro. E prefiro saber de tudo, do que fingir que nao vejo !

Bem bem, hoje desabafo aqui. Essa é a versao curta-metragem (praticamente um comercial de 30 segundos) de como cheguei ao diagnóstico. Aquela apenas pra preencher os critérios principais. 
Pretendo ir contando, de pouquinho em pouquinho, a versao estendida, detalhada, completa, junto com meus desabafos. Nao há nada melhor do que saber que nao estou sozinha.

Bom Agouro

Oiii, sou a Ania (nao, nao sou mas aqui no blog eu vou ser) !


A idéia de criar o blog me veio dois dias após receber o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline (nenhuma novidade pra mim). 

Escrever foi, quando pequena, e ainda é a melhor válvula de escape pra mim.

Depois de buscar incessantemente diários e registros pessoais de portadores do transtorno resolvi criar meu pequenino mundo cibernético aonde eu possa desabafar os meus tudos e os meus nadas do meu jeito border de ser. 

Espero poder ajudar a quem le e principalmente a esta que vos escreve (: