domingo, 23 de fevereiro de 2014

Diagnóstico

Desde pequena eu tinha uma facilidade enorme de cair na melancolia. Nao importava o que acontecesse durante o dia, quer fosse ganhar a barbie que eu tanto pedia ou ter que assistir pela janela, meus pais indo pra longe de mim eu sempre, sempre me encontrava naquela atmosfera pesada, anestésica, dolorida, densa, escura, triste. Muito triste. O tempo passou e fui me tornando cada vez mais sensível á rejeiçao. Quer fosse ver minha melhor amiga da segunda série fugindo de mim ou quer fosse nao escutando elogios do professor (sim, "bobo" assim).
Aos 14 anos desenvolvi transtorno alimentar. Cheguei a pesar 40 quilos com 1,72m e ouvir minha mae gritando o quanto ela me odiava (nao sei ao certo se era a mim ou a "Ana").
Aos 15 anos já apresentava depressao leve e foi aí que conheci a "Mia". Ela me acompanhou até os 17 anos, quando eu, num súbito de impulsividade tomei 36 pílulas pra dizer adeus ao detestável pao que eu havia comido no dia. Hoje vejo que esse nao foi o real motivo. Fui dormir sabendo que poderia ser que eu nao acordasse, e sim eu estava okk com isso. E sim, eu já estava pedindo socorro com isso.
Nesse meio tempo engatei num relacionamento que levou cinco anos, de rompimentos e reatamentos intercalados com outros relacionamentos mega problematicos. Aqueles que a gente conhece muito bem. Te amo, te amo, te amo, te odeio, te odeio, te odeio. O romance com os homens e mulheres de sua vida podem durar bem menos do que voce imagina. E foi por conta de um desses que eu descobri a melhor maneira de parar (um pouco) a dor: me cortando. Nao importava o fato de eu ter tido muito mais relacionamentos do que o normal pra minha idade, eu nao suportava sentir aquele vazio que sempre me mostrava o como, no fundo, eu nao me sentia ligada de fato, conectada com nenhuma das pessoas com quem me envolvi. Aos 18 anos fui estudar fora do Brasil acompanhada da minha leve depressao. Quando voltei, alguns meses depois, o que era leve se tornou pesado, intenso, as mudanças de humor que antes eu nem enxergava (ou achava "comuns") passaram a me artomentar diariamente. Nao quis saber de terapia, nao importava o quanto eu nao quisesse mais viver e deixei a depressao estupida culminar em uma Sindrome do Panico aonde eu tinha 7 ataques de panico por dia, fora os de ansiedade. Eu realmente nao queria mais viver.

Comecei a terapia.

Virei, do dia pra noite, uma especialista em todos os transtornos possiveis e imaginarios. Eu era foda, sabia de tudo. Tudo tudo tudo. Ate me deparar com um tal de Transtorno de Personalidade Borderline. Li. Reli. Reli, reli, reli, decorei. Me assustei. Como podia eu me encaixar tao "perfeitamente" naquilo ? Como podia fazer sentido tudo o que se passava na minha caixinha(ooonaaa) de emoçoes ?
Minha analista me encaminhou pra uma psiquiatra por conta da depressao e da sindrome do panico, o que fez com que eu me sentisse um verdadei lixo já que, segundo a tal psiquiatra, era tudo "coisa da adolescencia". De um bem ela me serviu, percebeu que eu sofria também de Transtorno Dissociativo severo, desde criança. Engraçado como a gente nao percebe o quao louco é, até abrir a boca. Eu disse adeus á Sindrome do Panico e nao sei como, ela foi embora (a única vez que me senti okk por ser abandonada). Insatisfeita e a pedidos da minha psicóloga, fui em outra psiquiatra, deusa, linda, sensacional a qual abriu o jogo comigo: voce tem Transtorno de Personalidade Borderline. Minha reaçao ? Alívio. Tinha/tem um nome pra tudo isso que se passa dentro do meu corpo inteiro. E prefiro saber de tudo, do que fingir que nao vejo !

Bem bem, hoje desabafo aqui. Essa é a versao curta-metragem (praticamente um comercial de 30 segundos) de como cheguei ao diagnóstico. Aquela apenas pra preencher os critérios principais. 
Pretendo ir contando, de pouquinho em pouquinho, a versao estendida, detalhada, completa, junto com meus desabafos. Nao há nada melhor do que saber que nao estou sozinha.

3 comentários:

  1. você não estar, tem muita gente como nós!!!

    conheci seu blog por meio da borderline girl, espero que não se importe em frenquentá-lo

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    1. Vou adorar ! Seja bem-vida (: qualquer coisa, é só me enviar no borderlinetpb@gmail.com

      beijossss

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  2. ah, meu blog:

    http://normalidadequestionavel.blogspot.com.br/

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