sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Por favor, fica !

Eu jà posso sentir.. Jà posso sentir voce indo embora.. Jà posso sentir voce passando por aquela porta sem voltar mais.. Jà posso sentir voce me deixando. Me jogando de lado, pra baixo. Esquecendo de mim e apagando tudo o que passamos juntas. Posso sentir voce me ignorando no futuro, mais do que voce faz agora. Posso sentir aquela dor fria, que nao para, que me consome, que me engole. Dor que me isola, que me deixa exaustivamente vazia de tao explosiva que é. Aquelas duas palavrinhas sobem pela minha garganta.. Acho que te amo. Queria poder te dizer isso.. Isso e mais um mundo de coisas que tenho guardadas no peito. Peito esse que se retorce, encolhe, se rasga quando ve que voce nao escuta. Posso sentir que nao significou nada pra voce, o que hoje pra mim è tudo ! Talvez esse seja o problema.. O meu tudo envolve o inteiro, o completo, o que vai dos pes à alem da cabeça.. O seu tudo acho que envolve um pedaço de voce, apenas um pequeno pedaço.. Sei que te querer absoluta è impossivel.. Mas eu quero.. E como quero.

                        

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Obsessao Doentia

Obsessao que mata. Taí, nada melhor pra definir. Nada melhor pra explicar essa minha obsessao doentia por tudo que envolve risco, por tudo que pode me tirar desse universo monótono e irritantemente entediante. Chega a ultrapassar o doentio. Esse magnetismo, essa busca infindável pelo que limita, pelo que acaba. Hoje me controlo. Hoje sei ficar longe. Hoje preciso ficar longe. Distante de pontes, distante de sacadas, distante de remedios, distante do que coloca um fim. Do que pára essa dor e esse vazio até entao incessantes. Mas tem algo que me chama, algo me puxa.. algo que me fala: pula, se joga, toma, FAZ. Entao eu vou.. coloco um pé.. coloco o outro.. sinto o vento tocando meu rosto.. sinto cheiro de desconhecido.. estou prestes a dar um passo.. um passo, apenas um passo é preciso. Mas me atinge: nao. Hoje nao.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Lidando com a Dissociaçao

Aqui vou eu.. Sei que tudo ainda é muito recente e garanto que ainda estou descobrindo tudo dentro de mim. É como se cada dia, após eu ter recebido meu diagnóstico, eu desse de cara e ficasse frente a frente com novos pedaços de mim que se encaixam como luva nas maos do T.P. Borderline. 
Antes de falar sobre minhas novas descobertas, quero começar falando sobre minhas antigas. E aqui vai uma das mais velhas, tá entre as ancias:

Um dos principais critérios no diagnóstico do TPB ( pra descobrir quais os outros 8 critérios é só procurar pela tabela do DSM-IV ) é a Dissociaçao. - Vale lembrar que cada caso é um caso, nao sao obrigatórios os 9 critérios e assim como qualquer outro transtorno ou sindrome existem espectros ( mais leves, moderados, severos ) e cada pessoa apresenta os sintomas de acordo com sua propria vivencia, nao vamos achar que todos os borders ( ou qualquer outra patologia ) sao iguais.

Eu fui diagnosticada com o Transtorno Dissociativo antes de saber que eu tinha TPB. Na verdade foi meio bizarro quando eu descobri. Como havia escrito aqui no blog antes, durante minha depressao severa e a sindrome do panico eu pesquisava incessantemente sobre transtornos e suas comorbidades até que me deparei com o Transtorno Dissociativo. Levei um susto claro, primeiro porque eu achava que todo mundo sentia isso já que eu sentia isso desde pequena e segundo porque mal sabia eu que era um transtorno !! Algumas semanas depois dessa minha heróica descoberta eu fui diagnosticada com o transtorno.



Mas o que é essa tal de dissociaçao afinal ?

Vamos lá. Como voces já devem ter lido no link acima, existem varios transtornos dentro do dissociativo e muitas pessoas, por volta lá de uns 60% a 70% já experienciaram um deles uma vez.




Mas entao, por que todo esse drama minha gente ?

Porque uma coisa é experienciar uma ou outra vez. Outra coisa é ter isso todo dia e dependendo dos periodos, o dia todo ! (Lembrando que aqui eu falo sobre Despersonalizaçao e Amnesia Dissociativa) É uma sensaçao horrivel.. Muito dificil de explicar, e praticamente insuportavel de sentir ! Chego nao querer mais continuar.. Voce literalmente se ve fora do seu corpo, como se fosse uma outra pessoa agindo e falando no seu corpo mas voce está fora dele.. as pessoas ao seu redor, sejam elas seus pais, namorados, namoradas, filhos, sao totais desconhecidos, é como se voce nunca tivesse visto eles, como se eles estivessem num filme. E nem tente chegar perto de espelho, porque quando voce se olhar, acredite em mim, voce nao vai ter a MINIMA ideia de quem é a pessoa que tá do outro lado. Tudo, absolutamente tudo, é um sonho ! E é aí que ta o perigo, ale'm de ser uma sensaçao tenebrosa, há um indice muito alto de auto-mutilaçao durante as dissociaçoes já que a dor física te traz de volta pro plano presente. Além disso, se tudo o que voce tá vivendo é um sonho, um filme e a qualquer minuto alguem vai te chamar de volta, por que nao experimentar a sensaçao de pular da sacada ? de se jogar na frente de um onibus ? Afinal de contas é tao mas tao ruim essa sensaçao que dá vontade de acabar com tudo !! E é tudo irreal mesmo... Pois, nao é !


Citando Garota Interrompida (CLICHE EU SEI, ME DESCULPEM): As vezes é muito difícil ficar num lugar só.

Como lidar ?

Tem que tomar muito cuidado, muito cuidado mesmo com isso ! Eu vejo por mim que hoje passo o dia inteiro "fora".. assim como pra qualquer outro problema que a gente tenha, tem que ficar longe de tudo que tira a gente do eixo ! Dar um chega pra lá nos estressores que desencadeiam as dissociaçoes cada vez mais fortes, dizer adeus as grandes agitaçoes (nao precisa ser adeus, pode ser apenas um tchau), ficar esperto quando sair em lugares muito cheios (muita gente, traz muito informaçao ao mesmo tempo pra assimilar) e procurar sempre perceber quando que a sua dissociaçao alivia pra entender o que te relaxa ! O que me ajuda demais é, quando eu to com outras pessoas, se possivel tocar nelas.. abraçar, dar a mao, olhar no olho.. te faz sentir real, fisico (eita problema essa coisa de que tem que fisicalizar). Claro que nao é sempre que funciona, mas pode ser que ajude muito !! Cada um descobre seu jeito, o importante é nao afundar junto com essa sensaçao terrivel.

Logo menos estarei de volta e tenho certeza de que, até lá, vou ter muitas coisas novas encontradas aqui dentro.



domingo, 23 de fevereiro de 2014

Diagnóstico

Desde pequena eu tinha uma facilidade enorme de cair na melancolia. Nao importava o que acontecesse durante o dia, quer fosse ganhar a barbie que eu tanto pedia ou ter que assistir pela janela, meus pais indo pra longe de mim eu sempre, sempre me encontrava naquela atmosfera pesada, anestésica, dolorida, densa, escura, triste. Muito triste. O tempo passou e fui me tornando cada vez mais sensível á rejeiçao. Quer fosse ver minha melhor amiga da segunda série fugindo de mim ou quer fosse nao escutando elogios do professor (sim, "bobo" assim).
Aos 14 anos desenvolvi transtorno alimentar. Cheguei a pesar 40 quilos com 1,72m e ouvir minha mae gritando o quanto ela me odiava (nao sei ao certo se era a mim ou a "Ana").
Aos 15 anos já apresentava depressao leve e foi aí que conheci a "Mia". Ela me acompanhou até os 17 anos, quando eu, num súbito de impulsividade tomei 36 pílulas pra dizer adeus ao detestável pao que eu havia comido no dia. Hoje vejo que esse nao foi o real motivo. Fui dormir sabendo que poderia ser que eu nao acordasse, e sim eu estava okk com isso. E sim, eu já estava pedindo socorro com isso.
Nesse meio tempo engatei num relacionamento que levou cinco anos, de rompimentos e reatamentos intercalados com outros relacionamentos mega problematicos. Aqueles que a gente conhece muito bem. Te amo, te amo, te amo, te odeio, te odeio, te odeio. O romance com os homens e mulheres de sua vida podem durar bem menos do que voce imagina. E foi por conta de um desses que eu descobri a melhor maneira de parar (um pouco) a dor: me cortando. Nao importava o fato de eu ter tido muito mais relacionamentos do que o normal pra minha idade, eu nao suportava sentir aquele vazio que sempre me mostrava o como, no fundo, eu nao me sentia ligada de fato, conectada com nenhuma das pessoas com quem me envolvi. Aos 18 anos fui estudar fora do Brasil acompanhada da minha leve depressao. Quando voltei, alguns meses depois, o que era leve se tornou pesado, intenso, as mudanças de humor que antes eu nem enxergava (ou achava "comuns") passaram a me artomentar diariamente. Nao quis saber de terapia, nao importava o quanto eu nao quisesse mais viver e deixei a depressao estupida culminar em uma Sindrome do Panico aonde eu tinha 7 ataques de panico por dia, fora os de ansiedade. Eu realmente nao queria mais viver.

Comecei a terapia.

Virei, do dia pra noite, uma especialista em todos os transtornos possiveis e imaginarios. Eu era foda, sabia de tudo. Tudo tudo tudo. Ate me deparar com um tal de Transtorno de Personalidade Borderline. Li. Reli. Reli, reli, reli, decorei. Me assustei. Como podia eu me encaixar tao "perfeitamente" naquilo ? Como podia fazer sentido tudo o que se passava na minha caixinha(ooonaaa) de emoçoes ?
Minha analista me encaminhou pra uma psiquiatra por conta da depressao e da sindrome do panico, o que fez com que eu me sentisse um verdadei lixo já que, segundo a tal psiquiatra, era tudo "coisa da adolescencia". De um bem ela me serviu, percebeu que eu sofria também de Transtorno Dissociativo severo, desde criança. Engraçado como a gente nao percebe o quao louco é, até abrir a boca. Eu disse adeus á Sindrome do Panico e nao sei como, ela foi embora (a única vez que me senti okk por ser abandonada). Insatisfeita e a pedidos da minha psicóloga, fui em outra psiquiatra, deusa, linda, sensacional a qual abriu o jogo comigo: voce tem Transtorno de Personalidade Borderline. Minha reaçao ? Alívio. Tinha/tem um nome pra tudo isso que se passa dentro do meu corpo inteiro. E prefiro saber de tudo, do que fingir que nao vejo !

Bem bem, hoje desabafo aqui. Essa é a versao curta-metragem (praticamente um comercial de 30 segundos) de como cheguei ao diagnóstico. Aquela apenas pra preencher os critérios principais. 
Pretendo ir contando, de pouquinho em pouquinho, a versao estendida, detalhada, completa, junto com meus desabafos. Nao há nada melhor do que saber que nao estou sozinha.

Bom Agouro

Oiii, sou a Ania (nao, nao sou mas aqui no blog eu vou ser) !


A idéia de criar o blog me veio dois dias após receber o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline (nenhuma novidade pra mim). 

Escrever foi, quando pequena, e ainda é a melhor válvula de escape pra mim.

Depois de buscar incessantemente diários e registros pessoais de portadores do transtorno resolvi criar meu pequenino mundo cibernético aonde eu possa desabafar os meus tudos e os meus nadas do meu jeito border de ser. 

Espero poder ajudar a quem le e principalmente a esta que vos escreve (: